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Saúde Mental e Bem Estar
A Tourette é uma neurodivergência clinicamente definida pela existência de vários tiques motores e, pelo menos, um tique vocal. Os tiques motores envolvem movimentos realizados com o corpo, podendo estes ser simples (piscar os olhos, fazer caretas, mexer os dedos dos pés…), ou complexos (bater em si próprio, bater em objetos…). Já os vocais, são movimentos e produção de sons circunscritos às zonas respiratórias e também eles têm esta classificação (simples: fungar o nariz, aclarar a garganta…; complexos: repetir palavras ou frases, dizer palavras obscenas…). Todos os tiques são involuntários, pelo que não existe uma vontade ou intenção deliberada subjacente.
Os tiques devem surgir antes dos 18 anos e estima-se que a idade mais comum de aparecimento ronda entre os 5 e os 7 anos de idade. É importante salientar que a Tourette é uma neurodivergência com uma variabilidade significativa e que, por essa mesma razão, as pessoas em redor da criança poderão ficar de certa forma confusas quanto à sua presença ou até mesmo desvalorizar o que está a acontecer. Assim sendo, ter em conta que poderão existir mudanças sistemáticas no número, frequência, tipo e localização dos tiques, com aumento ou diminuição da sua expressão e que estes podem até mesmo desaparecer por períodos mais ou menos longos e sem ter sido realizada qualquer intervenção.
Ao longo dos anos a Tourette tem nos sido dada a conhecer numa ótica centralizada nos tiques, o que traz como consequência um grande desconhecimento sobre o que é viver com esta neurodivergência e a multiplicidade de aspetos que é importante que profissionais, pais, pares, escolas e sociedade em geral, tenham em consideração para melhor acomodar esta população.
Na verdade, quando se procura explicar ou sensibilizar sobre este tema, é também importante falar sobre funcionamento executivo (como o controlo de impulsos, por exemplo), sobre regulação da atenção, problemas de sono, das dores no corpo, tensões acumuladas, na desconexão corpo-mente muitas vezes existente, ou no receio de ser mal-interpretado, julgado e, por isso, também na presença de uma necessidade latente em esconder os tiques, o que sabemos hoje em dia que tem repercussões negativas para o próprio. Só através desta visão global, mas individualizada, é possível compreender verdadeiramente a pessoa e atender às suas reais necessidades.
O diagnóstico é médico e deve ser feito através de uma boa observação da pessoa e conhecimento aprofundado sobre o seu percurso. Não existem exames específicos que permitam concluir se a Tourette está presente.
Sim, é verdade que qualquer pessoa pode experienciar tiques ao longo do seu percurso de vida, mas será que todas essas pessoas vão ter tiques que não lhes permitem adormecer? Que trazem desafios em concretizar atividades da vida diária tão “simples” como comer? Que vão fazê-las ficar com dores de cabeça e no corpo recorrentes ou constantes? A diferença está mesmo aí e esta questão é mais um reflexo do problema de se olhar para a Tourette apenas pelos seus tiques.
Eles podem sim existir em toda a população, mas para algumas pessoas acontecem numa intensidade e frequência particulares e com outras experiências associadas. Assim sendo, comentários como “toda gente tem tiques” ou “eu também faço isso e não é nada demais” devem ser evitados, pois têm subjacente uma mensagem de desvalorização da experiência da pessoa neurodivergente o que, tem também em si, as suas consequências. O percurso já é cheio de buracos e obstáculos, não é necessário criar mais.
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Sim, é verdade que qualquer pessoa pode experienciar tiques ao longo do seu percurso de vida, mas será que todas essas pessoas vão ter tiques que não lhes permitem adormecer?
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